Nº 4 - setembro 2011
Editorial
O primeiro número da SOCIOLOGIA ON LINE edita-se no ano em que se celebra o 25º aniversário da Associação Portuguesa de Sociologia (APS) e nele se reúnem contribuições de alguns protagonistas desta curta história.
No primeiro artigo, Luís Baptista e Paulo Machado retomam uma comunicação sobre a comunidade científica portuguesa e o papel das associações nacionais, nomeadamente a APS. Salientam que a institucionalização da sociologia em Portugal, embora tardia, tem sido um processo com sucesso e muito significativo, tanto para investigadores como para outros profissionais no campo da sociologia. Socorrendo-se de dados de fontes diversas, discutem sinais de mudança com que se confrontam as novas gerações.
O artigo de José Madureira Pinto convida também a reflectir sobre a sociologia portuguesa, considerando as condições políticas, institucionais e organizacionais que a seu tempo favoreceram uma espécie de “relações virtuosas” entre quatro pólos da actividade sociológica: problematização teórica, pesquisa empírica, reflexividade e profissionalização. Nesta linha, evoca a possível contribuição da sociologia portuguesa para a re-invenção da agenda científica e das práticas da disciplina no sentido do desenvolvimento de um “conhecimento público”.
A contribuição de Margarida Torres articula-se exemplarmente com os dois artigos anteriores. Resumindo as indefinições por vezes associadas às competências adquiridas pela formação em sociologia, a autora mostra como os saberes teóricos e metodológicos adquiridos durante a formação podem ser mobilizados para encontrar espaços para a intervenção sociológica e para negociar o respectivo reconhecimento por parte de outros actores, no caso os actores intervenientes no poder local.
De seguida, João Ferreira de Almeida, Rui Brites e Anália Torres operacionalizam a escala de valores proposta por Schwartz (utilizada no questionário do European Social Survey), para relacionarem diferenças e semelhanças entre as condições sociais de existência dos membros de uma classe social e as suas práticas e representações sociais. Ao mesmo tempo evidenciam que outros “suportes de valores” podem também associar-se a outras distinções significativas, como é o caso do género.
Por fim, o artigo de Paulo Machado equaciona a relação entre certas configurações urbanísticas e o sentimento de insegurança de quem vive e/ou transita nesses mesmos espaços. O conhecimento aprofundado desses tecidos urbanos é, para o autor, um ditame imprescindível a todos os actores com responsabilidade na salvaguarda da segurança e do bem-estar das populações consideradas.
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